Em Paço dos Negros, a 13 km do centro, encontramos os restos do Paço refeito por D. Manuel I, no século XVI. Sobrou uma magnífica portada que daria acesso ao pátio, coroada por seis merlões marcadamente manuelinos e cujo arco é coroado pelo escudo real e ladeado de rosetas...
Foi erigido no ano de 1512, como o atesta a Carta de Quitação de el-rei D. Manuel I ao seu escudeiro e primeiro almoxarife do Paço da Ribeira de Muja, Diogo Rodrigues (*).
Neste documento são referenciados inúmeros objectos para as obras do Paço, de entre eles: “… tejolo de toda a sorte grande, alvanaria, portal.”
A encimar este imponente Pórtico podem ver-se ainda as ameias com os seus merlões. Lateralmente, as armas reais, de coroa aberta, ladeadas pela esfera armilar do rei fundador, o rei Venturoso.
Afirma a lenda que, neste local, era vista a espreitar o sol, a cantar e a pentear-se, uma linda princesa moura, a qual guardava uma grande talha cheia de oiro, tendo a encimá-la a espada de oiro do rei.
Reza a lenda que a linda moira ainda canta, mas só para quem a souber ouvir; que continua à espera com uma riqueza sem conta, para oferecer a quem sonhar três noites a fio e tenha coragem de a vir desencantar.
(*) Chancellaria de D. Manuel, liv.9.º, fl.26 v.; liv.6.º de Místicos, fl. 147., in Braamcamp Freire, Arquivo Histórico Português: 448.
Cf. Lendas da Ribeira de Muge: 47.