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O Cemitério de Almeirim

Data de 1896 o início do funcionamento do Cemitério de Almeirim, situado na Rua Condessa da Junqueira...

 

Data de 1896 o início do funcionamento do Cemitério de Almeirim, situado na Rua Condessa da Junqueira.

 

Antes, como era tradição, os enterramentos eram feitos nos cemitérios que ficavam anexos às igrejas, sendo o de Almeirim junto à Igreja Paroquial e, também, na Capela do Espírito Santo, no local das escolas velhas e na Igreja de S. Roque, já desaparecida, existindo junto a esta Igreja um largo conhecido por Campo Santo.

 

Começa em 19 de Março de 1875 a citar-se a necessidade de se construir um cemitério na freguesia de S. João Baptista, sendo solicitado pelo Governo Civil, um ano depois, em 21 de Abril de 1876 “que a Câmara mandasse proceder à escolha do local e fosse, de imediato, feita a respectiva vistoria”.
Ainda nesse ano, a 2 de Junho, a Câmara convoca uma reunião com a presença dos “facultativos residentes nesta freguesia para a escolha do terreno, tendo sido indicados dois prazos rústicos no foral de António Gomes, pertencentes a Anselmo Nunes Monteiro e Anselmo António dos Santos”.
Não deram os facultativos o seu parecer o que só fariam na reunião seguinte.

 

Tal não aconteceu e, só mais tarde, já em 29 de Maio de 1895, se volta a referir a construção urgente de um novo cemitério.
A 10 de Janeiro de 1896, a Câmara debruça-se atentamente e com apreensão sobre este assunto, devido a uma carta enviada pelo Pároco de Almeirim “que alerta os responsáveis para o estado em que se encontra o cemitério desta Vila, dizendo que no mesmo há apenas espaço para 22 covatos e que, segundo a média de mortandade nos últimos três anos, serão preenchidos até ao fim do próximo mês de Março”.

 

Tal chamada de atenção leva a Câmara a efectuar novas e urgentes diligências para a escolha do terreno em lugar apropriado.
Após uma pretensão de expropriação de terreno, pertencente à Duquesa de Cadaval, esta titular oferece a importância de 400 mil réis para a compra do mesmo.

 

Escolhido este e devidamente aprovado, por ser o melhor situado e ficar fora da Vila, foram chamados os seus proprietários, os senhores Joaquim José Godinho e Vicente Rodrigues Queijeiro, para se proceder à expropriação por utilidade pública ou transacção amigável.
Optando-se por esta ultima modalidade, foram adquiridos dez mil metros quadrados “devendo ser pago cada metro quadrado a cento e vinte reis ou em um conto e duzentos mil reis pela totalidade do terreno”.

 

A partir desta data o processo foi relativamente rápido, bastando, para isso proceder-se às formalidades legais para a sua aquisição, cuja assinatura de compra foi efectuada em 19 de Junho de 1896.
Em 30 desse mês foram mandados publicar anúncios para a arrematação, em hasta pública, tendo em vista a construção dos muros da vedação e colocação de portões, o que foi feito em praça aberta no dia 30 de Julho.
Implantado que ia ser em terrenos de vinha e outras culturas, em 24 de Julho   procedeu-se à arrematação da uva existente nas cepas compreendidas na área do terreno.
Posto a funcionar o cemitério, em 1896, só em 9 de Abril de 1897 foi deliberado criar o lugar de guarda e, um ano depois, em 4 de Março de 1898. o de coveiro, lugares preenchidos em 22 de Julho desse ano por Manuel Jacinto que passou a exercer as duas funções.
Em 21 de Maio de 1897 foi elaborada a tabela de preços de utilização dos terrenos, tendo sido aprovada em sessão de 2 de Julho.

 

Entretanto, a 16 de Julho deste ano foi deliberado pedir autorização ao Governo de Sua Majestade para construir uma Capela, bem como proceder a algumas obras de conclusão.
A planta da capela foi mandada elaborar em 23 de Junho de 1898, cujo preço orçou em 1.405 réis e o altar respectivo na quantia de 27.000 réis.

 

Em Junho de 1901, procede-se à colocação do gradeamento na parte fronteira do recinto.
A capela, inaugurada em 7 de Abril de 1902, já desapareceu e servia para as cerimónias rituais, sendo substituída por outra que agora abrange os dois cemitérios o A, de que estamos a falar e o B que veio acrescentar o espaço que começava a ser insuficiente e que começou a funcionar em 1964.
Outros pormenores de interesse foram encontrados e referentes ao cemitério novo de Almeirim, nos livros de actas das sessões de Câmara, mas não queremos deixar de anotar que, em 18 de Abril de 1924, esteve em praça a arrematação do reboco dos muros do cemitério, tendo sido esta tarefa adjudicada a Joaquim José Glória pela quantia de quatrocentos escudos.
Encontrava-se a casa mortuária instalada em terrenos da Santa Casa da Misericórdia, na Rua Febo Moniz, local pouco recomendável e a perder as condições mínimas para as suas funções.
Com a construção de uma nova casa mortuária na área do cemitério foi posta ao serviço em 17 de Março de 1997.

 

Texto elaborado por Dr. António Cláudio

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