Vem de tempos remotos a existência de largos e espaços abertos para a realização de feiras e mercados.Em 1859, Almeirim possuía quatro largos: o da Praça, o da Igreja, o do Rega e o do Calvário.
Destes, o maior era o da Praça, onde está, hoje o Jardim da República, assim chamado depois da implantação da República em 1910.
Era aqui que o povo se juntava, aos domingos e feriados para o ajuste dos homens para os trabalhos da semana e, tendo um canto destinado para o mercado, era ali, também, o passeio público, onde se efetuam festas e romarias tradicionais.
Esta praça não tinha qualquer resguardo ou proteção, possuindo já algumas árvores, facto este que convidava a edilidade a pensar no seu embelezamento.
Assim, em sessão de 11 de Março de 1881, regista-se, com agrado, a oferta de tijolo e madeira "para aformosear a Praça".
Com base num projeto elaborado, este largo ia ser vedado com um muro de tijolo, com a altura de oitenta centímetros e uma grade de madeira com noventa centímetros.
Estes materiais foram oferecidos pelos Senhores Conde de Sobral, Manuel Rodrigues Pisco, Francisco José Godinho e Manuel Andrade, tendo a Câmara, no dia 21 de Novembro deste ano, deliberado agradecer a estes senhores "a sua contribuição para o embelezamento da praça desta Vila".
Feita a vedação, começaram a surgir iniciativas e pedidos para que a Câmara continuasse com o arranjo daquele espaço.
Em 10 de Março de 1882, compareceu o munícipe Francisco Nunes Godinho, "director da Philamónica desta Vila, denominada vinte e oito de Maio, como representante da mesma, pedindo autorização para construir um coreto na praça desta Vila".
A Câmara concedeu licença e nomeou o vereador Manuel Andrade para indicar o local destinado ao coreto, ficando a Câmara com direito de o demolir quando assim o entendesse, o qual foi aceite pelo dito diretor.
Doze anos depois, em sessão de 5 de Novembro de 1894, foi deliberado que se procedesse à aquisição de grades de ferro forjado para que a vedação da Praça fosse feita deste material e apresentasse um aspeto mais moderno.
Em 7 de Dezembro desse ano foram abertas propostas recebidas para esta obra, tendo sido em 21 deste mês arrematada a compra das grades e respetivos portões, pela quantia de 580 mil réis.
Só em 24 de Janeiro de 1896, foram mandadas substituir as grades da praça, conforme deliberações anteriores.
Entretanto entra-se no século XX e em 28 de Abril de 1904, abrem-se propostas referentes à primeira tarefa de calcetamento do recinto.
E enquanto o tempo avançava, os projetos de embelezamento da praça ganham forma e é ainda em 1904, no dia 12 de Agosto que é incluída no orçamento, uma verba para construir um novo coreto, que ficou a fazer parte, durante alguns anos, da fisionomia da praça, como ainda se pode verificar por fotografias da época.
E chagamos ao momento da grande transformação do largo para o jardim público que agora possuímos.
Em 30 de Janeiro de 1930, "visto esta vila encontrar-se incluída na zona de turismo, achava o senhor vereador Joaquim Andrade que a Praça da República, pela sua boa disposição, fosse ajardinada".
De imediato, foi mandado fazer o respetivo projeto à firma Alfredo Moreira da Silva & Filhos, do Porto.
A 6 de Fevereiro desse ano foi deliberado mandar arrancar as árvores existentes por já se acharem velhas e não se adequarem ao projeto de ajardinamento. Nesta data foi apresentado o projeto que foi aprovado por unanimidade.
Neste período decorriam as obras do mercado coberto onde o comércio passou a ser feito depois de 31 de Julho de 1932, tendo, no entanto, durante este espaço de tempo, sido utilizado o Pátio da Câmara.
Em 5 de Março de 1931, foi deliberado mandar plantar laranjeiras azedas, para embelezamento da zona do jardim e ruas Manuel Andrade e Marechal Gomes da Costa.
E assim surgiu o jardim que, durante muito tempo foi considerado a "nossa sala de visitas" e que, ainda hoje mantém o seu aspeto sóbrio e gracioso.
Texto elaborado por Dr. António Cláudio